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CATALOGRAFIA
SOUSA, Marcélio Castelo Branco
Rastros de Poesia- 1ª edição - Imperatriz- MA
Edição do autor, 2010- 74 páginas
ISBN 978-85-910506-0-4
Assunto: Poesia Brasileira
© 2010 Marcélio Castelo Branco de Sousa
página 5
RASTROS DE SAUDADE
Esta saudade que vem de todo jeito
Obstrui meu impulso cardíaco
E feito a mão rude de um maníaco
Arranca meu coração do peito.
Esta saudade é uma erva que avança
Como uma grama seca e bruta
E se expande pela imensa gruta
Da aridez de minha lembrança.
Esta saudade anseia em minha boca
Com argumento sempre muito terno
E traz-me o vinho e o inverno
Numa transcendência muito louca.
Esta saudade é uma deusa vadia
Ou uma quimera que quase me devora
Mas é meu amor de ontem, agora
Numa garrafa de vinho quase vazia...
Esta saudade que me aflige os dias!!!
Com noites de armadilha e teia
É minha mente de artefatos cheia
E minhas mãos completamente vazias.
Página 20
LEMBRANÇAS DO NORTE
Ah! Cantos encantos da minha terra
Matos, mistérios. Zoam seus sons...
Machos e fêmeas marcham a serra
Cores vivas e seus vários tons.
A qualquer ruído estes vales ecoam
Feras bramem as matas tremem
Belos pássaros cantam e voam
E águas claras nos rios gemem.
Destes vales estranhos e medonhos
Ouve-se o eco sinistro cá de fora
Em verdes sons de tons tristonhos
Lendários de nativos, então, d’outrora.
A orquestra inspirada a todo instante
Afina em contornos pelo vento
A ave que gorjeia toda elegante
Sonora pelo bosque seu lamento.
Quando o canto do sabiá esvai
De sua garganta, num gorjeio choroso
Como d’amor lembrar, o sentimento d’ai
A saudade dum remoto bem virtuoso.
Oh! Quantas aves de belas plumagens
Que por estes açaizais fazem ninhos
Quantos bichos vagueiam nas pastagens
E trilham por carreiros e caminhos.
Quantos caboclos nos recantos povoados
Que matinam para a lida dias e dias
Em hortas plantações e roçados
E trabalham em virtude de regalias.
Tanta lenda dessa terra se assiste
Que velhos matreiros contam a toda gente
E a descendência nestes contos persiste
E faz de estória, fato conseqüente.
Festas de então (remotas) eu lembro
E chora cá no peito o meu lembrar
Dos ventos fortes que sopram em setembro
Das chuvas que, em março, cai no Pará.
Se cismar um dia desses, quero ir
E matar do coração queixas e vontades
Dos costumes típicos: do açaí,
Do tacacá, do carimbó... Oh! Que saudades...
Página 42
O OLHAR
Este olhar volumoso em minha mente
No teu olhar quanta melancolia
Como esquecer a pueril fantasia?
Deste olhar que me fita intermitente.
Neste olhar a mais terna poesia
Estes olhos virtuosos e tristonhos
Penetraram tão fundo nos meus sonhos...
Tampouco deveras me ver podia
Este olhar que arde em meu pensamento.
Teu olhar preocupado e com tristeza
Não ver que por mais que minha destreza
A paixão é em mim, agora, um sentimento:
Tão forte como nenhum d' outrora
E tão nociva ao meu olhar que chora.
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